Células são pequenos grupos de pessoas em constante multiplicação, que procuram evangelizar, fazer discípulos e desempenhar o seu ministério através das relações cotidianas (relações oikos). Geralmente são constituídos de 8 até 15 pessoas que se reúnem semanalmente como uma família, e que têm compromisso de participar nas atividades da Igreja local (a comunidade maior, por exemplo, a paróquia).
Nelas, vivencia-se os 5 propósitos de Deus para a Igreja:
Koinonya – comunhão fraterna;
Liturgia – louvor e adoração;
Catequese – edificação dos discípulos pela Palavra;
Martyria – anúncio de Cristo;
Diakonia – serviço uns aos outros.
A célula é uma comunidade e não uma mera reunião. Todavia, no seu encontro semanal esses 5 propósitos são manifestados, em seus 5 estágios, também chamados de 5′Es: Encontro, Exaltação, Edificação, Evangelismo e Entrega.
O propósito básico de uma célula é evangelizar e crescer, para multiplicar-se e formar discípulos de Cristo. Isto é conseguido através da realização de sete finalidades:
1. Crescer na intimidade com o Senhor;
2. Crescer no amor recíproco;
3. Compartilhar Jesus com os outros;
4. Realizar um ministério no Corpo místico da Igreja;
5. Dar e receber apoio;
6. Treinar novos líderes;
7. Aprofundar a própria identidade de fé.
Os pequenos grupos ou células sempre fizeram parte do povo de Deus. Veja o exemplo de Moisés (cf. Ex 18,21) e o testemunho de Jesus, que liderou a primeira célula da Igreja com os Doze (cf. Mc 3,14).
1. Onde a célula se reúne?
Priorizamos as reuniões nos lares, mas a célula pode se reunir também em empresas, escolas, salões de condomínios, em qualquer lugar que propicie o bem-estar dos membros.
2. Por que uma célula não pode ter mais que 12 ou 15 pessoas?
Porque num grupo maior não há tempo suficiente para que todas as pessoas compartilhem e recebam ministração. Além disto, sendo um dos valores da visão de células o acompanhamento pessoal dos membros, este se torna impossível com um número alto. Por fim, também as casas normalmente não comportam grandes grupos.
3. O que a célula não é:
Grupo de devoção – Existem muitos grupos devocionais que se reúnem nos lares. São baseados em práticas religiosas como o terço e as novenas. Certamente têm sua utilidade, mas diferem essencialmente quanto aos propósitos das células.
Grupo de oração – Normalmente esse tipo de grupo é composto de pessoas que têm a seguinte atitude: “O que o grupo pode fazer por mim?” (Emprego, cura, conhecimento…). Um dos estágios da reunião da célula é a oração, mas não é esta a sua maior proposta.
Grupo de discussão bíblica – Estes grupos, também conhecidos como círculos, não estimulam a comunhão fraterna tanto quanto uma célula. Além de atender às reais necessidades das pessoas, a célula é uma experiência aberta a acolher novas pessoas, e jamais pode se fechar em si mesma.
Grupo de formação – Estes grupos oferecem um crescimento espiritual num ambiente fechado e exclusivista. Na célula acontece o discipulado dos membros, mas ela não para nisto.
Uma pastoral ou ministério – Na Igreja cada pastoral (ministério) tem uma tarefa específica a realizar (por exemplo: canto, serviço aos pobres, acolhida, pregação, ensino etc.). A célula, por ser uma miniatura da Igreja, não se limita a uma ou algumas tarefas da Igreja, mas a cumprir todos os propósitos de Deus, não como um grupo de trabalho, mas como uma comunidade, onde o “ser” sempre vem antes do “fazer”.
Portanto, célula não é um grupo de cristãos fechado (um clube), criado só para algumas pessoas da Igreja (uma panelinha); ela é uma pequena comunidade cristã que tem a multiplicação do corpo de Cristo como objetivo. E embora tenha reuniões, não se limita a elas. Célula não é um dia por semana, mas uma comunidade viva, em ação, onde os membros são comprometidos uns com os outros, dentro e fora das reuniões. Também não são grupos paralelos à estrutura do corpo eclesial (a comunidade maior), mas são justamente a base vivificante deste corpo.
4. Como é uma célula?
Na biologia, a célula não é o corpo todo, mas traz dentro de si todas as informações necessárias para gerar um corpo inteiro. Nesse sentido, célula é a miniatura da Igreja se reunindo nos lares, é uma pequena comunidade e que atua como centro de treinamento ministerial, pois além de seus membros vivenciarem o “amai-vos” (cf. Jo 13,34), são capacitados para o “ide” (cf. Mt 28,19).
A célula imprime um estilo de vida, de modo que seus membros não conseguem separar fé e vida. Por isso, testemunham Cristo no meio em que vivem (oikos), penetrando nos variados segmentos da sociedade, como sal e luz (cf. Mt 5,13-14).
A convivência dos irmãos é o que garante vida à célula. Nela são gerados fortes vínculos de comunhão, de amizade e de aceitação. Algumas células são homogêneas (exemplo: somente casais, jovens, mulheres…), outras heterogêneas (integrando pessoas de diferentes sexos e idades).